Florença exala cultura. A cidade abriga uma das esculturas mais famosas do mundo e o maior museu de arte da Itália. Veja como foi meu dia na cidade.
Era meu sétimo dia na Itália e eu tinha apenas dois dias reservados para Florença e, quando planejei meu roteiro, precisei optar por algumas atrações em detrimento de outras. Assim, a princípio, acabei retirando a visita à Galleria dell’Accademia (que a rigor, só me atrairia por causa da escultura original do David de Michelangelo). Como eu sabia que havia uma réplica dela na Piazza della Signoria, achei que iria me contentar.
Acontece que no dia anterior eu já tinha percebido que meu roteiro não seria tão corrido assim, pois as atrações são bem próximas umas das outras. Assim, decidi tentar visitar a famosa escultura original na Galleria dell’Accademia, sem muita pretensão já que é altamente recomendável que a reserva seja feita com antecedência pela internet.
Assim como na Galleria degli Uffizi, a compra do bilhete para a Galleria dell’Accademia é feita com agendamento de horário, o que acaba engessando o roteiro e eu não sou muito fã disso. Então fui até lá sem muitas pretensões. Se a fila estivesse viável eu tentaria. Se não, eu desistiria.
A galeria é próxima do Hotel Sempione, onde estava hospedado. Caminhamos pela Via Nazionale até a Via Guelfa, dobramos à direita e seguimos por cinco quarteirões (10 minutos de caminhada– 750m).
Chegamos por volta de 8h30, a fila já estava chegando na esquina da Via degli Alfani e decidimos tentar. Acontece que eles liberam a entrada em grupos de 20 pessoas e acabou demorando mais tempo do que imaginei. Percebi também que mesmo quem tinha ingresso comprado antecipadamente, precisava entrar em uma fila. Tinha hora que chegavam grupos enormes de excursão e a fila dos que tinham reserva ficava gigante. Considerando que eu não tinha expectativa de visitar a galeria, acho que sai no lucro, apesar da espera de cerca de 1h30min na fila.
Como eu já tinha “perdido” uma parte da minha manhã com a atração que inicialmente não estava programada, decidi ver apenas o David que pra mim foi a escultura mais incrível de Michelangelo que vi. Mais até do que a Pietá e o Moisés que eu tinha visto em Roma (Confira o primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto dias do meu Diário de Viagem). Além de enorme, ela impressiona pelo alto grau de realismo. Fiquei na galeria cerca de 20 min.
Tive sorte, pois naquele dia as fotos estavam liberadas. Sei de gente que já tinha ido e que foi proibida de fotografar mesmo sem flash.
Saindo dali, segui pela Via Rocasoli, sentindo a atmosfera medieval de Florença. A cidade é um charme e bem romântica. Nossa caminhada nos levou até Piazza del Duomo e mesmo já tendo visto a Catedral no dia anterior, parei para apreciá-la novamente. A cada olhar mais cuidadoso, a gente descobre um detalhe que tinha passado despercebido a primeira vista. Pensei em entrar na Basílica, mas achei que a fila estava grande e deixei a visita para o outro dia.
Continuamos andando pela Via dei Calzaiuoli, uma rua cheia de lojas, (inclusive uma da Disney) com vitrines convidativas, mas só para olhar, pois em Florença as coisas são bem caras. Seguimos caminhando até passarmos pela Igreja de Osanmichele cuja fachada é toda adornada com 14 esculturas de artistas italianos como Ghiberti, Donatello e Verrochio dentre outros. Algumas são réplicas. A entrada na igreja é gratuita e vale a pena a visita.
Chegamos enfim na Piazza della Signoria, a mais importante praça e coração da vida social e política de Florença. A praça foi palco de execuções de personalidades ligadas à história da própria cidade tais como o frade domenicano Girolamo Savonarola, enforcado e queimado em 1498 em razão de conflitos com a igreja; e Francesco Pazzi, enforcado por conspiração contra Lorenzo di Médici.
Ela é considerada um verdadeiro museu a céu aberto, já que concentra diversas esculturas de artistas renascentistas, a maioria delas réplicas, tais como: o “Davi” de Michelangelo, “Hércules e Caco” de Bandinelli, uma de cada lado da porta de entrada do Palácio Vecchio. Há também uma estátua equestre de Cosimo I, um leão esculpido por Donatello, chamado “Marzocco”, além da “Fontana de Netuno”, em homenagem as vitórias navais da Toscana.
Curiosidade: bem atrás da estátua de Hércules e Caco há um perfil masculino talhado sobre uma pedra da fachada do Palácio conhecido como “L’importuno”. Diz a lenda que seria uma obra realizada por Michelangelo de costas, retratando um homem muito inconveniente que sempre o abordava quando passava pela praça. Numa dessas abordagens enquanto escutava o homem falar, Michelangelo teria talhada a sua figura na pedra.
No local há também a Loggia dei Lanzi, que no passado era usada como abrigo para os guarda-costas de Cosimo I (“os lanzi”). Hoje o espaço conta com diversas esculturas com destaque para o “Rapto das Sabinas” de Giambolongna (a original está na Galleria dell’Accademia), “Perseu com a cabeça da Medusa” de Cellini, dentre outros.
Mas a maior atração da Piazza é sem dúvida o Palazzo Vecchio, onde ainda hoje funciona a sede da prefeitura de Florença. No local há um museu bem interessante. Destaque para:
Salone dei Cinquecento (Salão dos Quinhentos) um dos maiores da Itália, onde os parlamentares se reuniam no período em que Florença foi a capital do país. As paredes com afrescos enormes retratam as vitórias florentinas sobre Siena e Pisa. O teto, com afrescos de Vasari, mostra diversos episódios da vida de Cosimo I. Há ali também uma escultura de Michelangelo (“Il genio della Vittoria”);
Cappella di Eleonora com belos afrescos de Bronzino.
Sala de Gigli onde fica a escultura “Judite e Holofernes”, considerada uma das obras primas de Donatello. Feita em bronze, ela é datada de 1470. Há uma réplica na Piazza della Signoria.
Para subir na torre é preciso ter disposição e preparo físico, pois são 84 metros de altura. Mas a bela vista da cidade compensa. Eu não subi na cúpula do Duomo, mas acho que a vista do alto da torre do Palazzo Vecchio é mais bonita exatamente porque tem uma coisa que a vista do Duomo não tem: o próprio Duomo. Além do mais, dizem que as escadas do Duomo são claustrofóbicas. Fica então essa dica.
A entrada só para o museu ou só para a torre custa 10 euros. Se for no museu e na torre, o preço é 14 euros.
Após sair do Palácio retornei à Piazza del Duomo para almoçar num restaurante (“Caffé Duomo”) que havia visto no dia anterior e tinha me agradado não só pela localização, de frente para a Basílica, mas também pelo preço (prato de salada com bruschetta + espaguete ou lasanha + 1 bebida por 10 euros). Comida boa, barata e atendimento de primeira. Ah, e o garçom falava português.
Depois do almoço fomos caminhando pela Via del Proconsolo, dobramos à esquerda na Via dell’Anguilara, passando pelo Barguello que infelizmente não visitei por absoluta falta de tempo. Uma pena, pois ele é considerado o segundo museu mais importante de Florença e possui a mais bela coleção de esculturas renascentistas da Itália com obras de Michelangelo, Donatello, Giambologna, Cellini dentre outros. O edifício em forma de fortaleza já foi o presídio da cidade e residência do comandante de polícia (o Barguello).
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Logo à frente, chegamos na Piazza Santa Croce, onde fica a Basílica de Santa Croce, a principal igreja franciscana de Florença. Diz a lenda que a igreja foi fundada pelo próprio São Francisco de Assis. A entrada é paga (6 euros).
Nela estão os túmulos de algumas das mais ilustres personalidades italianas, tais como Michelangelo, Galileo Galilei, Maquiavel e Dante Aliguieri (este é apenas simbólico, pois o mesmo está enterrado em outra cidade). O interior da Basílica é muito bonito e cheio de obras de artistas de renome. Destaque para os afrescos de Giotto nas capelas à direita do altar-mor, uma delas retratando a morte de São Francisco; e “A Anunciação” esculpida por Donatello. O altar faz um bonito contraste com os vitrais coloridos. Destaque também para o belo Crucifixo que dá nome à igreja (do artista Cimabue), quase destruído numa enchente ocorrida em 1966.
Saindo da igreja, caminhamos ao redor da praça, onde havia barraquinhas com vendedores ambulantes e seguimos pela Via dei Benci até as margens do Rio Arno.
O tempo se fechou e começou a chover forte. Seguimos pelas margens do rio Arno até a Galleria degli Uffizi, e nos abrigamos debaixo da marquise. Aproveitamos para descansar um pouco enquanto aguardávamos o horário de retirar os bilhetes de entrada, já comprados pela internet.
Cerca de 20 minutos antes do horário marcado, fomos até a bilheteria no portão 1 para retirar os bilhetes. Atravessamos para o outro lado da praça e nos dirigimos ao portão 3, exclusivo para entrada daqueles que possuem bilhete comprado antecipadamente.
Obs: Pude observar que a fila dos que não tinha reserva (portão 2) não estava tão grande quanto tinha ouvido falar que ficava. Fui fortemente recomendado a comprar os ingressos com antecedência para não correr o risco de esgotarem. Mas ao longo de minha viagem comecei a observar que normalmente as filas das atrações ficam muito cheias na parte da manhã, especialmente depois das 9h. Na parte da tarde, principalmente depois das 16h, elas costumam ficar menores. Pode ser uma boa alternativa para quem não gosta de fazer reserva antecipada para não ficar com o roteiro engessado.
A Galleria degli Uffizi é o maior e um dos mais importantes museus de arte da Itália. Projetado por Vasari, o prédio em formato de U foi construído para reunir em um só local os treze principais magistrados (chamados uffizi) então espalhados por diversos locais de Florença, transformando o velho Palazzo della Signoria numa nova sede do governo.
Algum tempo depois, Cosimo I decidiu unir o Palazzo Vecchio ao Palazzo Pitti, (nova residência da família Médici), que fica do outro lado do rio, por um caminho particular e elevado, também executado por Vasari, conhecido como "Corredor Vasari", que usava a galeria, a Ponte Vecchio sobre o rio Arno e uma passarela coberta sobre a rua.
O museu é bem grande e é recomendável programar pelo menos umas 3 horas para conhecê-lo sem pressa. A galeria é organizada por tema e em ordem cronológica desde o Gótico até depois do Alto Renascimento. Possui cerca de 45 salas nomeadas pelo artista mais importante exposto. Possui salas com obras de Leonardo da Vinci, Rafael, Michelangelo, Ticiano, e tantos outros, mas o destaque principal são as salas 10-14 onde está exposta uma grande coleção de quadros de Botticelli, como “O Nascimento de Vênus” e “Primavera”.
Quando saímos da galeria já estava começando a anoitecer e estávamos exaustos. Voltamos andando para o hotel, passamos num mercado no caminho, comprei uns petiscos e fui assistir a estreia do Brasil na Copa do Mundo.
DICA:
Uma ótima sugestão para conhecer um pouco mais sobre a cidade de Florença é a leitura do livro “Inferno” de Dan Brown, que se passa na cidade. Outra sugestão bem legal é assistir à série “Da Vinci’s Demons” exibida na Fox, que retrata o período em que o artista viveu em Florença e sua relação com a família Médici.
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Não deixe de acompanhar meu diário de viagem pela Itália os links abaixo:
Dia 1 – Roma: Chegando na Itália
Dia 2 - Roma: da Fontana di Trevi a San Giovanni in Laterano
Dia 3 - Roma: do Coliseu aos Museus Capitolinos
Dia 4 - Roma: da Basílica de São Pedro ao Pantheon
Dia 5 - Roma: Museus do Vaticano e Galleria Borghese
Dia 6 - Pisa e Florença: da Torre de Pisa ao Duomo de Florença
Dia 8 - Florença: da Piazzale Michelangelo aos Jardins de Bóboli
Dia 9 - Veneza: da Ponte Rialto à Praça de San Marco
Dia 10 – Veneza: do passeio de gôndola ao Palácio Ducale
Dias 11 e 12 - Milão: Duomo, Parque Sempione e Última Ceia
Se tiver alguma dúvida ou sugestão, não deixe de fazer seu comentário abaixo. Agradecemos sua participação.
Ótimas dicas…👍
Obrigado!!
Adorei as dicas, estou querendo fazer Roma e Florença exatamente, mas queria mais tempo em Florença e menos em Roma , você acha uma boa?
Olá Flávia,
Certamente Roma merece mais tempo do que Florença. Apesar de ser encantadora, Florença dá pra conhecer em menos tempo. Roma tem muito mais atrações e o tempo mínimo para conhecer o básico seria uns 4 dias. Florença você consegue conhecer em 2.
Abraços
Vinicius, como vai? Gostei mto das suas informações. Mto úteis.
Só gostaria de ter uma idéia de quanto tempo eu preciso pra visitar o Palazzo Vecchio. Será que 2 horas são suficientes? E o Palazzo Pitti, vc visitou? Precisa de quanto tempo?
Tenho 4 dias em Florença, mas 1 desses dias, gostaria de ira a Pisa e Lucca. Por isso me sobram 3 dias e é mta coisa prá ver!
Obrigada.
Olá Monica,
Em 2 horas dá para visitar o Palazzo Vecchio.
Já o Palazzo Pitti eu não fui, mas acho que você precisaria de mais tempo, pois ele é bem maior.
Abraços
Muito bom seu blog. Comentários objetivos com o que há de essencial na cidade e bem organizado. Peguei várias dias, obrigada!
Obrigado Christina!
Que bom que nossas dicas te ajudaram!
Dicas anotadas. Estarei passeando pela Itália em setembro. Obrigada!